BROCA-DA-CANA: DANOS IRREVERSÍVEIS E PERDAS CONCRETAS DE PRODUTIVIDADE

Por Leonardo Brusantin, Gerente de Desenvolvimento de Mercado da FMC Agricultural Solutions.

A colheita de cana-de-açúcar avança na região Centro-Sul do Brasil e, a cada hectare colhido, a presença da broca-da-cana (Diatraea saccharalis) é percebida, uma vez que essa praga está presente em todas as regiões produtoras. Inclusive, é considerada a praga mais relevante para a cultura, segundo levantamentos do CTC. A cada safra, R$ 5 bilhões são perdidos no Brasil em decorrência do ataque de broca e o prejuízo é atribuído à redução da produtividade (Agrícola – 60%) e impactos na qualidade da matéria prima (Indústria – 40%). Por essa razão, a broca é um problema para todos: usinas e fornecedores.

As perdas agronômicas causadas pela broca são: morte de perfilhos na fase inicial da cultura (coração morto), redução na absorção e transporte dos nutrientes e água, enfraquecimento das plantas (favorecendo quebras e tombamento), brotação lateral, contaminação por fungos e bactérias oportunistas (Colletotrichum e Fusarium), redução drástica de ART e quebra significativa da produtividade. Os dados mais recentes mostram que 1% de intensidade de infestação final de broca causa perdas de 0,77% a 2,90%, ou seja, para um canavial de 70 toneladas/hectare com 8% de infestação final de broca, o produtor está perdendo de 4 a 16 toneladas de cana por hectare!

O sucesso do controle de broca está apoiado em um sistema de manejo integrado dessa praga, considerando a utilização de agentes biológicos, como a Cotesia flavipes e Trichograma galloi, associados à aplicação de inseticidas químicos. O uso da Cotesia é um dos maiores casos de sucesso para manejo integrado de pragas existentes na agricultura mundial. Há muitos anos, as usinas e fornecedores utilizam essa tecnologia, porém, com a proibição da queimada de cana, houve um aumento expressivo das populações de broca, tornando a aplicação de inseticidas químicos fundamental para o controle dessa praga.

Pensando nisso, o produto a ser adotado deve possuir características que permitam a sua associação com os agentes biológicos, a famosa seletividade a inimigos naturais (Cotesia, Trichograma e formigas carnívoras), além de sistemicidade para proteger as partes novas da planta e alto poder inseticida, propiciando parada imediata dos danos, evitando reaplicação e garantindo um bom período de controle (mais de 60 dias).

Vale ressaltar que a parte mais nobre da cana (a que possui maior quantidade de açúcar) são os colmos do “baixeiro”, aqueles emitidos logo que a cana começa seu desenvolvimento, por isso a necessidade de controle da broca desde as fases iniciais da cultura. Outro ponto é que os danos da broca são irreversíveis, ou seja, uma vez que a broca furou e entrou no colmo, não é possível recuperar essa parte. Esses dois fatos são muito importantes para o manejo da praga, pois irão direcionar o momento da aplicação, com objetivo de proteger a cana durante todo o ciclo.

O produtor deve ter atenção especial nas áreas de viveiro, pois o ataque da broca reduz o potencial de germinação dos toletes, gerando falhas nas áreas de plantio e exigindo maior quantidade de mudas por hectare. O mesmo racional vale para as áreas de MPB e meiosi: mudas limpas, isentas de pragas e doenças é uma das garantias para canaviais produtivos e com maior longevidade.

O monitoramento da infestação é fundamental para o sucesso do controle, e existem duas formas de avaliar a população de broca no campo: contagem de “broquinhas fora” e a mais nova metodologia, que é a utilização de armadilhas com feromônio natural (fêmeas virgens) para levantamento da população de “machos adultos”. A praticidade da utilização das armadilhas é indiscutível e a melhor opção para os fornecedores, sendo utilizada uma armadilha para cada 25 a 50 hectares de monitoramento.

Danos da broca na fase inicial
Danos da broca na fase inicial
Broca da cana Broca da cana Broca da cana Broca da cana

Danos da broca na fase inicial

    RESULTADOS DE CONTROLE

Gráfico de resultados

Para um melhor entendimento sobre o retorno financeiro do tratamento com inseticidas, é necessário conhecer o IIF (%) que é o Índice de Infestação Final da área. Essa avaliação é feita por meio do corte de 125 canas por área e contagem de todos os colmos e colmos atacados pelo complexo broca (furos e galerias) e podridão (infecção por fungos e bactérias, causando a “podridão vermelha”). Dividindo os colmos atacados pelos colmos totais e multiplicando por 100, o resultado é o Índice de Infestação Final (%) ou IIF (%).

Conhecendo o IIF (%) e utilizando a tabela ao lado você pode estimar as perdas que estão ocorrendo devido ao ataque da broca. A tabela considera a menor perda (0,77% toneladas de cana/hectare para cada 1% de IIF de broca) e a utilização do melhor inseticida disponível no mercado para o controle da broca (custo entre 1,0 a 2,0 toneladas de cana, já incluído o custo da aplicação). Dessa forma, em todas as células em amarelo ou verde o controle químico é economicamente viável já que foram consideradas apenas as perdas agrícolas.

O manejo de broca é fator fundamental para garantir o sucesso na produção sustentável e economicamente rentável da cana-de-açúcar. A utilização do manejo integrado de pragas (MIP) associando a utilização de Cotesia com um produto químico de alta seletividade aos inimigos naturais, potência inseticida e longo período de controle é a melhor forma de garantir produtividade e qualidade para o canavial. Mas isso vocês já sabem de cor!

Tabela Altacor

    SOBRE A FMC

Há mais de um século, a FMC Corporation atende aos mercados globais de agricultura, industrial e de consumo com soluções e aplicações inovadoras e produtos de qualidade. Em 1o de novembro de 2017, a FMC adquiriu uma parcela significativa do setor de Proteção de Culturas da DuPont. A FMC emprega mais de 7.000 pessoas em todo o mundo e opera seus negócios em dois segmentos: FMC Agricultural Solutions e FMC Lithium. Para obter mais informações, visite www.fmc.com e www.fmc.com.br.